Por Fernanda Alvarenga Lopes

Quem vai ao supermercado hoje em dia e volta com troco, se considera uma pessoa de sorte! O preço das coisas hoje em dia anda muito caro, não é? Mas se a gente colocar esses aumentos nos nossos produtos artesanais ou serviços da economia solidária será que as pessoas vão comprar?
Se antes da pandemia a precificação já era uma das principais dúvidas na nossa vida, ela se intensificou à medida que o tempo passa e os boletos chegam. Mas sim, há respostas e oportunidades para seguirmos trabalhando sustentavelmente.
Finanças, Capital Social e Meio Ambiente
Mas antes de chegarmos aos números de fato, é bacana termos em mente o que nos levou a optar pela economia solidária. E chegaremos ao tripé da sustentabilidade. Que é o cuidado com o meio ambiente, com as pessoas e com a partilha justa dos recursos financeiros.
É bom frisar isso, porque os nossos clientes ideais também levam essas questões como importantes na hora de comprar. É o que chamamos de fatores de decisão de compra. Quantas vezes você optou por consumir hortaliças orgânicas porque são melhores para a saúde (sua e do planeta) do que àquelas do supermercado? Esse é o raciocínio.
Comparação com produtos/ serviços semelhantes
Essa deveria ser a última etapa, mas acaba sendo a primeira – quando não a única – forma de colocar preço no que oferecemos. O que está completamente errado! Afinal o que você oferece não é o mesmo que o colega oferece, simplesmente porque cada fornecedor é único. Você tem a sua própria estrutura, base de insumos e conhecimento, o colega têm as dele.
Contudo, a gente não pode restringir a precificação em um valor financeiro no final da peça. Mesmo porque valor x preço são coisas diferentes. Mas hoje ficaremos no preço e voltaremos a esse questão em artigos futuros, tudo bem?
Como começar a contabilizar
Vamos partir de um entendimento comum: Preço é o valor financeiro pelo qual precisamos comercializar nossos produtos e serviços. Porém para chegar nesse número é importante que você tenha elencado:
– Quanto custa para você fazer esse produto ou prestar esse serviço?
– Quais as suas despesas para oferecer esse produto ou serviço?
– Qual a porcentagem você precisa resguardar para o fluxo de caixa e investimentos?
– Quanto você precisa obter de lucro no final?
Papel, caneta e boletos a mão
Calma parece difícil, mas não é. Perceba que o preço começa a se formar quando a gente tem diante das nossas mãos todos os itens materiais, recursos sociais e de infraestrutura à disposição para começar o trabalho. Ou seja:
Infraestrutura – Despesa
– Local de trabalho (próprio, alugado, compartilhado)
– Infraestrutura (água, luz, internet e outros)
– Outros
Recursos sociais – Despesas
– Transporte (para chegar ao local, para comprar material, para entregar o produto)
– Alimentação (valor de refeição pelas horas dedicadas)
– Seu valor por hora e suas horas trabalhadas
– Outros
Materiais – Custos
– matéria prima
– ferramental próprio, alugado ou compartilhado
– embalagem
– divulgação, propaganda ou marketing
– Comissão da equipe de vendas
– Custo da maquininha (se for o caso)
– Outros.
Anote item por item, produto por produto. A gente pode fazer uma analogia com colocar o ateliê em ordem. Quem vê de fora, acha que diante de si há o caos. Só que conforme a gente vai organizando da forma que melhor nos atende, caixinha por caixinha, tudo faz sentido e fica muito mais fácil de trabalhar depois.
Nesse momento os boletos serão úteis para você tomar ciência dos custos que estão envolvidos no seu negócio. Contudo, atenção e parcimônia. A gente não coloca o valor total da luz do mês na venda de um tapete. Esse valor será rateado entre as ofertas de produtos e serviços que você oferece.
Quer saber mais? Mande sua dúvida no nosso Instagram @economiasolidariadoabc!
Estamos preparando outros materiais para dar continuidade a esse conteúdo.
Fonte: Prof. Camila Sá/ Canal de contabilidade