Os indígenas venezuelanos, povo warao, que vivem em Pernambuco quase sem apoio dos poderes públicos, iniciaram em meados deste ano (2021), um empreendimento de artesanato, que leva o nome de Taller Warao, com um ateliê que funciona na Vila Santa Luzia, comunidade periférica no bairro da Torre. No local, são produzidas peças de cestaria, pulseiras, colares, redes, bolsas, vestidos e os tradicionais chinchorritos – espécie de suporte para carregar o bebê junto ao corpo do pai ou da mãe. As matérias para confecção são, principalmente, fios de náilon, tecidos e miçangas coloridas.

Segundo Victor Santos, agente pastoral do Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste (SPM NE), em curto espaço de tempo já dá para perceber os resultados positivos desse trabalho. Palavras de Victor: “Nesse curto espaço de tempo já dá para perceber os resultados. Eles estão felizes por serem reconhecidos não mais como migrantes refugiados que viviam no semáforo pedindo, mas como pessoas capazes de produzir arte e fazer dela seu sustento. Do ponto de vista financeiro, também há uma sensação de alívio na realidade dura em que vivem”. “Uma vez por semana, as famílias de artesãos, incluindo crianças, vão ao ateliê buscar os materiais necessários para a confecção das peças e catalogá-las. Os produtos são fotografados junto com os artistas e postados no Instagram, onde os clientes podem escolher e combinar a compra por meio de Pix ou transferência bancária”.
As peças confeccionadas pelos warao representam traços da ancestralidade desse povo, que é originário do delta do rio Orinoco, no norte da Venezuela.
O empreendimento Taller Warao tem o apoio do Serviço Pastoral dos Migrantes NE, que reuniu entidades parceiras como a Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Congregação das Religiosas da Instrução Cristã – Damas. Ainda fazem parte da chamada Rede Misericórdia Sem Fronteira, o SPM Nacional, a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Glória. O grupo tem o apoio dos alunos e professores extensionistas do “Migra” da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Organização Internacional das Migrações – entidade vinculada à ONU. Os voluntários são responsáveis pelas doações dos materiais para a confecção das peças de artesanato, pelo espaço físico da oficina, pelo transporte dos warao até o local e pela gestão das vendas.

Para conhecer mais sobre este empreendimento, acesse o Site da Pastoral dos Migrantes, fonte para este nosso texto:
A reportagem no site é uma produção do Programa de Diversidade nas Redações, realizado pela Énois – Laboratório de Jornalismo Representativo, com o apoio do Google News Initiative. Fonte: https://marcozero.org/atelie-de-artesanato-warao-gera-renda-e-muda-perspectiva-de-indigenas-venezuelanos-no-Recife/
Crédito das fotos: Victor Santos/Taller Warao